GABAJU - CRIADORES DE CONTEÚDOS OUSADOS E CORAJOSOS

Nos final da década de 90, ainda no século passado eu era sócio, junto com Alexandre Montandon, de uma editora de HQs que fazia manuais no formato de revista em quadrinhos. Sentia vontade de fazer coisas diferentes que não cabiam naquela empresa. Queria gravar discos e lançar outros tipos de livros. Conversava muito sobre isso com um grande amigo chamado Gabriel Bastos Junior, um jornalista que veio do Rio para trabalhar na Folha em São Paulo. Sempre o tempo para me dedicar e a motivação me faltavam, na época eu tocava numa banda de rock que fazia muitos shows, cuidava da empresa e tinha uma vida desregrada que não combinavam com mais um negócio. Acontece que no meio disso tudo minha banda ficou sem gravadora. Era a motivação que faltava, o tempo se arranja. Era hora de fazer aquela empresa que a gente vinha planejando no campo das ideias e tinha que ser logo. Meu sócio óbvio era o Gabriel que cuidaria da parte de quadrinho e eu da veia musical. Acontece que ele morreu antes que a gente pudesse fazer todo o trabalho. Foi um momento terrível. Eu queria desistir, estava triste demais pra continuar.

Juntei o que sobrou de forças, fiz a empresa nome e batizei de GABAJU em homenagem ao Gabriel. São as iniciais do seu nome. Planejei o primeiro lançamento que seria o disco novo das Velhas Virgens e uma HQ em bancas de jornal. Fiz uma parceria com outra editora e, em 1999, estava lançado o primeiro produto da Gabaju.

Não consegui caminha com as HQs naquele momento, era muito doloroso, então voltei minhas forças para a música. Lancei muitos CDs e DVDs, nesses anos todos. Foi uma aventura que percorri com prazer, ódio, amor, e tantos sentimentos contraditórios, sem a presença do meu amigo querido.

Em 2019, 20 anos depois, resolvi que tinha passado da hora de mudar a Gabaju para o que ela foi criada originalmente: Uma editora de HQS e uma gravadora de música independente. Pensei melhor e achei que podia dar um novo passo. Transformar a empresa em uma curadoria e criação de conteúdos corajosos e ousados.

Província Negra é o primeiro lançamento e diz muito sobre como queremos tratar os temas sociais, artísticos e comunitários. Espero estar no bom caminho e acredito que meu bom amigo Gabriel entraria de cabeça nessa comigo.